ados cinco anos desde o início da pandemia da Covid-19, a educação ainda amarga consequências deixadas pelo isolamento social necessário na época. Uma delas é realidade desafiadora vivida pelos estudantes do Ensino Fundamental de Belém: a defasagem do nível de aprendizagem, confirmada após o resultado da 1ª Avaliação Diagnóstica realizada pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec), em março deste ano, a qual aponta que mais de 50% dos alunos do 3º ao 9º ano estão com atraso no aprendizado.
Para enfrentar e mudar essa realidade, a prefeitura de Belém, através da Semec, lançou o Rios da Aprendizagem, que diz respeito à Política de Recomposição da Aprendizagem para a Rede Municipal de Educação. E neste mês de maio, os professores, coordenadores pedagógicos e técnicos de assessoramento pedagógico já estão participando de formações para implementar a recomposição nas escolas de Belém.
Após duas semanas intensas de formações, que ainda estão ocorrendo, os professores e coordenadores deverão participar de outros encontros pontuais, de forma presencial e online. Além disso, outra etapa fundamental da política são as atividades de acompanhamento dos estudantes, que é a implementação da recomposição propriamente dita. Os alunos serão agrupados nas escolas por nível de aprendizagem, e os professores farão um acompanhamento especial de cada grupo no decorrer do ano, dentro da carga horária de aula, no qual vão implementar as metodologias diferenciadas para as quais estão sendo preparados.

“Desde a pandemia, a recomposição foi colocada em prática em muitas realidades do Brasil, mas em Belém até então não tinha sido implementada uma política como essa. É um projeto ousado. Todos os alunos do 3º ao 9º ano vão participar, mesmo aqueles que não precisam de recomposição. Mas estes vão ser estimulados nas suas potencialidades”, afirma Karina Portal, Diretora de Formação da Secretaria Executiva Pedagógica da Semec
Formação descentralizada e metodologias ativas si4f
Uma das novidades implementadas pela Semec neste ano é a descentralização geográfica das formações e a elaboração de momentos formativos mais práticos, conforme sugestão dos próprios educadores da rede.
Foram criados 4 polos formativos distribuídos pela cidade, para favorecer os deslocamentos e o diálogo entre os educadores do mesmo território. Para a professora Camila Barreto, da escola Donatila Lopes, em Mosqueiro, essa descentralização foi de grande importância não só pela comodidade de não precisar se deslocar diariamente até Belém, mas também pela oportunidade que tiveram de fazer trocas profissionais dentro da região, com os educadores locais. “Foi um espaço que favoreceu também o diálogo, o compartilhamento de experiências e a construção conjunta de metodologias e de materiais que estejam alinhados com a nossa realidade local, que é Mosqueiro”, afirma a professora.
Além disso, ela destaca a valorização das práticas concretas e lúdicas nas metodologias propostas, bem como o processo de avaliação dos estudantes que deverá ser aplicado no Rios da Aprendizagem. “Gostei muito da proposta de avaliação que a formação propõe, porque sugere um acompanhamento contínuo nos ciclos de aprendizagem, por meio de um processo individualizado e mais humanizado, com aplicação de provas individuais. Acho que essa abordagem certamente vai contribuir para que o resultado seja realmente eficaz, e condizente com a realidade dos estudantes da rede”, avalia Camila Barreto, que é docente do 4° ano do Ensino Fundamental e da I etapa da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI).

As metodologias ativas propostas pela iniciativa de qualificação também foram um ponto positivo destacado pela Coordenadora Pedagógica da Escola Solerno Moreira, Ângela Oliveira. Ela explica que na escola já existem metodologias práticas, mas na formação foram apresentadas outras possibilidades. “Às vezes a gente tem o recurso, mas não tem múltiplas ideias do que fazer com aquilo. Aqui a gente conseguiu abrir um leque de outras possibilidades para as professoras trabalharem em sala de aula”, afirma a coordenadora.
A proposta do Rios de Aprendizagem é que não seja mais um fardo para pesar na rotina dos alunos, mas que seja uma forma eficaz e atrativa de recompor o seu aprendizado. Essa é a expectativa da rede. “Eu ainda tenho alunos que precisam desse tipo de trabalho concreto. Em virtude desse contexto ado de pandemia, muitos alunos vieram para o 5º ano sem o domínio das habilidades necessárias. Essas atividades vão atender esses alunos que ainda estão com déficit de aprendizagem”, afirma a professora Ana Cláudia Souza, da Escola Solerno Moreira e da Rotary.
“Minha expectativa sobre o impacto da ação é muito positiva, porque acredito que se a gente conseguir colocar em prática todas as metodologias apresentadas, especialmente no que diz respeito às avaliações, às práticas pedagógicas e sobretudo ao monitoramento, nós teremos avanços significativos no aprendizado dos estudantes e isso vai representar um o grande para reduzir essas lacunas educacionais que a gente ainda tem na rede”, conclui a professora Camila Barreto.